segunda-feira, 31 de outubro de 2011

"O Renascimento do Parto" - O filme

 Parabéns para todos que estão por trás desse filme.... faltava mostrar a realidade e a beleza do parto normal nas telinhas!!

Eu apoio o Parto Normal, eu quero!!! E você????



O filme "O Renascimento do Parto" retrata a grave realidade obstétrica mundial e sobretudo brasileira, que se caracteriza por um número alarmante de cesarianas ou de partos com intervenções traumáticas e desnecessárias, em contraponto com o que é sabido e recomendado hoje pela ciência. Tal situação apresenta sérias conseqüências perinatais, psicológicas, sociais, antropológicas e financeiras. Através dos relatos de alguns dos maiores especialistas na área e das mais recentes descobertas científicas, questiona-se o modelo obstétrico atual, promove-se uma reflexão acerca do novo paradigma do século XXI e sobre o futuro de uma civilização nascida sem os chamados "hormônios do amor", liberados apenas em condições específicas de trabalho de parto.

Com a participação especial do cientista Michel Odent, do ator e diretor de cinema Márcio Garcia e sua esposa, a nutricionista Andréa Santa Rosa.

Um filme de Érica de Paula e Eduardo Chauvet.



sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Ajude o bebé a virar


Dedicado a Roberta e a Flávia!! 

Qual a melhor posição do bebé para um parto mais fácil? Existem exercícios específicos que o ajudam a dar a volta? E se for um bebé em apresentação pélvica? Eis a resposta a estas e outras questões sobre as várias posições do bebé no útero e de que forma podem influenciar o momento do nascimento.

1. É importante saber qual a posição do bebé antes do parto?
Sim. A posição do bebé no útero materno pode influenciar tanto o decorrer, como a duração do parto. Caso esteja numa boa posição e se mantenha assim durante o nascimento, o mais provável é que o parto decorra de forma fácil e sem problemas.

2. Então qual a melhor posição em que o bebé pode ficar?
A melhor posição é a occipito-púbica (anterior), o que quer dizer que a cabeça do bebé está a apontar para baixo, as costas estão coladas à barriga da mãe e a face está voltada para a coluna vertebral (da mãe). Esta posição permite uma passagem mais suave pelo canal de parto uma vez que a parte mais pequena da cabeça do bebé atinge o colo do útero (parte baixa do útero) em primeiro lugar. A maioria dos bebés adopta naturalmente esta posição antes do nascimento.

 
3. Quais as outras posições em que o bebé pode estar?
O bebé pode ficar na posição occipito-sagrada posterior (quando a parte detrás da cabeça e as costas ficam junto à sua coluna vertebral), na posição transversal (quando se posiciona ao longo da pélvis com a cabeça de um lado e as nádegas do outro) e em apresentação pélvica (longitudinalmente no útero, com as nádegas ou os pés junto do canal de parto).

Posição occipito-sagrada posterior

Posição occipito-sagrada posterior

4. Como posso ajudar o meu bebé a adoptar a posição mais adequada?
Existem alguns exercícios, desenvolvidos pela parteira neozelandesa Jean Sutton, denominados OFP (‘optimal fetal positioning’). O truque passa por se manter activa durante a gravidez, o que influencia o bebé a adoptar a posição mais correcta no útero. Também é importante que passe algum tempo por dia na «posição de quatro» (quatro apoios, dois joelhos e duas mãos no chão) e que rode as ancas.



5. Existem provas que a OFP resulta?
Não existem muitos estudos sobre a eficácia da OFP. No entanto, um artigo publicado pela base de dados Cochrane (organização independente e sem fins lucrativos que disponibiliza informação sobre saúde) revelou que passar dez minutos por dia com as mãos e os joelhos no chão pouco influenciava a posição do bebé. Outro estudo revelou que, quando os bebés estão na posição occipital posterior durante o parto, se a mãe passar pelo menos 30 minutos ‘de quatro’, ao fim de uma hora o dobro dos bebés adoptam a posição occipital anterior. Quando Jean Sutton foi promovida a chefe de parteiras numa maternidade da Nova Zelândia, graças aos seus exercícios conseguiu que a taxa de partos com a ajuda de fórceps descesse de três a quatro por mês para dois a quatro por cento ao ano.

6. Qual é o problema da posição costas-contra-costas?
O trabalho de parto pode ser mais demorado e desconfortável caso o bebé esteja na posição occipital posterior e a grávida pode ter mais dores nas costas, uma vez que a cabeça do bebé está a fazer pressão na sua coluna vertebral. Ele vai ter de rodar 180 graus antes de nascer e pode ser doloroso. As contracções vão ser a dobrar para dilatar o colo e de forma a posicionar o feto. Caso o bebé não vire, pode ser necessária a intervenção de fórceps ou ventosa para o ajudar a nascer.

7. E se o bebé não der a volta?
Nos casos em que o bebé está em posição transversal ou em apresentação pélvica, os médicos optam pela cesariana para evitar complicações para a mãe e para a criança. É uma das poucas situações para as quais a cesariana está indicada.

8. Se não é habitual, por que razão o meu bebé está nesta posição?
Segundo Jean Sutton, assistiu-se nas últimas décadas a um aumento significativo de bebés na posição occipital posterior. Tal pode ser explicado pelo estilo de vida sedentário das mães. Permanecer muito tempo sentada pode fazer com que o bebé se posicione contra a sua coluna devido aos movimentos da pélvis. Ao contrário, se permanecer activa e de pé, tal irá aumentar as hipóteses do bebé adoptar a posição occipital anterior.

9. Será que a cabeça do bebé não vai ‘encaixar’ se estiver na posição posterior?
Os bebés em posição occipital posterior têm menos probabilidade de se posicionarem correctamente antes de começar o trabalho de parto. No entanto, de acordo com as recomendações do Instituto (britânico) Nacional para a Saúde e Excelência Clínica (NICE) este não é um problema. «Quando o trabalho de parto começa, a cabeça molda-se um pouco e a pélvis cede perante as contracções uterinas. A combinação destes factores facilita o processo».

10. Em qual das etapas da gravidez o bebé começa adoptar a melhor posição para nascer?
O bebé começa a mover-se desde o início da gravidez e muda de posição à medida que vai crescendo. No final da gestação, com o espaço reduzido ao mínimo, vai descer até à pélvis e adapta-se à posição em que irá nascer. Isto acontece por volta das 35 semanas.

11. O que posso fazer para encorajá-lo a ficar na posição correcta?
Adoptar o hábito de ver televisão ajoelhada no chão, não cruzar as pernas (uma vez que diminui o espaço na parte da frente da pélvis) e manter-se activa durante a gravidez pode ajudar o bebé a adoptar uma posição correcta.

12. Será que há problema se dormir de costas?
Os especialistas não aconselham as futuras mães a dormir de costas, especialmente nos últimos meses de gravidez, devido à pressão que é colocada no útero, o que restringe o fluxo sanguíneo.

13. O que posso fazer se o meu bebé já estiver na posição posterior?
Exercite as ancas quando estiver ajoelhada duas ou três vezes por dia, cinco minutos de cada vez. Yates, professora de Shiatsu, recomenda gatinhar porque, além de encorajar a posição occipital anterior (OFP), é um bom exercício para os músculos abdominais e das costas. Além de gatinhar para a frente e para trás, sugere que se espreguice como um gato. «Pela minha experiência, se a mulher adoptar a posição de quatro desde o início da gravidez e se trabalhar estes exercícios, se o bebé estiver na posição posterior dará a volta em 99 por cento dos casos». Yates recomenda ainda às mães com bebés transversais para adoptarem estas posições e, assegura que na maioria dos casos o bebé muda de posição.

14. E se nada disso resultar?
Tente não se preocupar. Alguns bebés estão determinados a ficar numa certa posição. No entanto, lembre-se que a maioria dá a volta durante o parto.

15. Estou com 32 semanas e, neste momento, o meu bebé está pélvico. É um problema?
Cerca de 15 por cento dos bebés são pélvicos (com os pés ou as nádegas junto ao canal de parto) às 32 semanas. A maioria irá dar a volta nas próximas quatro semanas, com apenas três ou quatro por cento a permanecerem na posição pélvica à medida que o nascimento se aproxima. Se o bebé não der a volta às 36 semanas, poderá ter de marcar uma consulta de forma a discutir as várias opções do nascimento.

16. Quais as opções de parto mais prováveis?
Se o bebé não tiver dado a volta às 37 semanas, o obstetra pode tentar uma técnica denominada Versão Externa. Realizada em meio hospitalar, sob monitorização fetal contínua (CTG), um obstetra experiente administra um relaxante muscular uterino, no sentido de facilitar a manobra, coloca as mãos na sua barriga e empurra de forma firme para tentar guiar o bebé a dar a volta. Não é doloroso, mas pode ser desconfortável e resulta em 50 a 70 por cento dos casos. Se o bebé não mudar de apresentação, pode ser sugerida uma cesariana.

17. Será que há algo que possa fazer para ajudar o bebé a dar a volta?
Algumas pesquisas sugerem que o acto de levar os joelhos ao queixo pode ajudar a deslocar o peso do feto, remodelar o útero e relaxar a parede uterina de forma a criar condições para que o bebé dê a volta.

18. Como posso fazer isso?
«Pode tentar colocar-se com as mãos e os joelhos no chão, relaxar os cotovelos e apoiar os antebraços no chão, de forma que o rabo fique mais elevado», ensina Yates. «Este exercício cria mais espaço e liberta o peso do bebé da parte inferior das costas. É importante verificar que as costas não fiquem arqueadas». A posição é mais eficaz se praticada quando o bebé estiver activo. Experimente esta posição duas a três vezes por dia. Muitas futuras mães descobrem que tem efeitos positivos nos bebés pélvicos.

19. A posição do bebé pode mudar durante o parto?
Um bebé em posição occipital posterior pode mudar para anterior durante o parto e vice-versa. Contudo, os bebés pélvicos e transversais não mudam de posição assim que o parto tem início.

20. Então se o meu bebé estiver numa boa posição para nascer, pode não ficar assim durante o parto?
Possivelmente não. Algumas pesquisas mostraram que, dos bebés que estão na posição occipital posterior durante o parto, dois terços estavam na posição anterior quando o parto começou. Contudo, cerca de 87 por cento dos bebés rodaram para occipital anterior na altura do nascimento.

21. O que posso fazer para ajudar o bebé a rodar durante o parto?
Pratique movimentos que ajudem o bebé a encontrar espaço para rodar e posicionar-se na pélvis. Assim, quando começar o trabalho de parto, suba e desça escadas, rode as ancas e ande no mesmo local. Na segunda fase, evite estar deitada de costas, semi-reclinada ou sentada.

22. Quais as melhores posições à medida que o trabalho de parto decorre?
O facto de estar de pé auxilia a aumentar o diâmetro pélvico. Tente levantar-se e andar, o que também pode ajudar a diminuir o tempo do parto. «Mantenha-se activa» diz Yates «e inclua a posição de «gatas» no trabalho de parto».

23. Sinto-me exausta. Posso deitar-me um pouco?
Deitar-se de costas pode atrasar o trabalho de parto uma vez que impede o aumento do diâmetro da pélvis. Se estiver muito cansada deite-se um pouco sobre o lado esquerdo. As contracções mantêm-se e o bebé vai receber mais oxigénio.

24. Qual a melhor posição se sofrer de dor nas costas?
Pode ser um sinal que o bebé está na posição occipital posterior, por isso é preferível uma posição que retire o peso do bebé da sua coluna. A melhor forma é colocar-se na posição de quatro, com almofadas debaixo das mãos e dos joelhos.

25. Quero fazer força, mas dizem-me que ainda não estou preparada. Qual a posição que devo adoptar?
Não vai poder fazer força enquanto o colo não estiver totalmente dilatado. Tente a posição «de gatas» com os joelhos contra o peito e rabo para o ar. Pode parecer pouco ortodoxo, mas vai diminuir o desejo de fazer força.

26. Quando chegar a parte de fazer força, qual a melhor posição?
As posições mais eficazes são de cócoras, ajoelhada ou de quatro, uma vez que possibilitam suportar todo o processo com maior conforto.

27. Vou ter de ser super desinibida para me colocar nestas posições todas durante o parto, especialmente com o meu marido ao lado!
Não tem de se sentir obrigada a ter o seu marido ao lado se isso a inibe. Tente ter alguém que lhe dê força, em quem confie e que não se importe que a veja em qualquer posição. Assim vai conseguir relaxar.

Fonte: Revista Pais&Filhos

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Novos médicos não sabem lidar com parto normal

 
Pura verdade... infelizmente!

Publicado em 15/10/2011 | Pollianna Milan - Gazeta do Povo

Entre os 3 mil médicos entrevistados na pesquisa conduzida pelo CFM, Febrasgo e ANS há algo em comum: os formados recentemente, em sua maioria, não acham um problema a quantidade de cesarianas feitas no Brasil, apesar de o índice estar bem acima do aceitável. A médica Lucila Nagata, da Febrasgo, chama a atenção para um ponto pouco discutido: as universidades de hoje formam excelentes cirurgiões, mas não ensinam aos obstetras como acompanhar um parto normal. “Os colegas têm hoje maior ênfase no saber operar e, muitos, quando se deparam com um parto normal, não sabem como proceder”, explica.


Para Lucila, outro problema é a quantidade de processos judiciais (normalmente éticos) que surgem contra os médicos que tentam fazer parto normal e acabam indicando a cesariana em um tempo não hábil para salvar a mãe ou o bebê ou para evitar algum problema no parto. “Muitos preferem a cesariana para não correr este risco.”


Dinheiro


A remuneração dos médicos no Brasil, pelos planos de saúde, também é diferente quando o parto é normal ou cesariana. Antiga­­mente se pagava mais pela cesariana, hoje grande parte dos planos de saúde paga o mesmo valor e alguns já inverteram a lógica: pagam mais pelos partos normais como incentivo. Recen­­temente a Gazeta do Povo publicou que os médicos que fazem cesarianas chegam a cobrar um valor extra (por fora) da parturiente para ela ter a garantia da presença dele na hora do parto cesáreo (alguns planos de saúde aceitaram esta atitude). Há ainda outra questão: por mais que os médicos recebam mais pelo parto normal, este costuma demorar muito mais que a cesariana, ou seja, o valor/hora do parto normal não compensa. “Uma das sugestões é que os planos de saúde montem equipes qualificadas para o acompanhamento do trabalho de parto (assim como existem as equipes de plantão nos hospitais públicos). Assim, esta equipe atenderia a mulher e, o obstetra, só seria acionado quando estivesse muito próximo de o bebê nascer. Poderia ser uma alternativa. Estamos buscando soluções”, diz o coordenador da Comissão de Parto Normal do Conselho Federal de Medicina, José Fernando Maia Vinagre.


A médica Daphne Rattner, professora da Universidade de Brasília, sugere algo a mais: que o parto seja feito por enfermeiras obstetrizes e o médico só seja chamado caso necessário. “Em muitos países onde as taxas de cesarianas são baixas, este é o modelo que funciona”, cita Daphne.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Semana da Criança

Não tenho fotos de todos os bebes que acompanhei durante a gestação e parto....

Alguns desses, apenas orientei suas mães, outros acompanhei toda a gestação e o maravilhoso momento do nascimento...

Saúde a todos...

Beijos


terça-feira, 11 de outubro de 2011

Semana da Criança - Atendimento ao recém-nascido – resumo simples de documentos científicos

Blogagem coletiva... retirei do blog da querida Angela Rios que fez esse resumão...excelente..


O QUE NÓS COMO PROFISSIONAIS DE SAÚDE PODEMOS FAZER
PARA PROMOVER OS DIREITOS HUMANOS DAS MULHERES NA
GRAVIDEZ E NO PARTO?
“Conheça e respeite as evidências científicas – Evite procedimentos
invasivos, dolorosos e arriscados, a não ser que eles sejam
estritamente indicados. Ajude a promover o direito das mulheres
à sua integridade corporal e a usufruir dos progressos da ciência”
Diniz, CSG, 2003
Um princípio importante para a prática de todos os profissionais da saúde é, em primeiro lugar, não causar dano. Esta ideia adquire importância adicional quando lidamos com recém-nascidos, por não haver quase nenhum dado em longo prazo a respeito da segurança de vários procedimentos. Intervenções de rotina, como a aspiração de vias aéreas ou estômago, usar oxigênio a 100% para reanimação neonatal e clampeamento imediato do cordão umbilical nunca foram baseadas em qualquer evidência clara de que melhoram o cuidado ao recém-nascido ou seus resultados. No entanto, algumas destas práticas estão tão firmemente arraigadas que será necessária uma grande quantidade de pesquisas para mudar tal padrão. Pesquisas recentes começam a identificar algumas práticas mais antigas que não deveriam ter sido abandonadas e algumas práticas atuais que deveriam deixar de ser usadas. De forma a alcançar um nascimento suave e fisiológico e um cuidado ao recém- nascido centrado na família, práticas que podem interferir no vínculo entre a mãe e o bebê devem ser atentamente examinadas. Na maioria das vezes, quanto menos intervenção, melhor.

É necessário fomentar uma atenção qualificada ao parto, já que mais da metade das mortes maternas e neonatais ocorre durante a internação para o parto. Deve­-se considerar não apenas a estrutura hospitalar (equipamentos e recursos humanos), mas também o processo assistencial: acompanhamento adequado do trabalho de parto, utilização do partograma, promoção do trabalho de parto fisiológico evitando-se inter­venções desnecessárias que interferem na sua evolução (como ocitocina endovenosa de rotina, restrição ao leito, jejum, parto em litotomia, entre outras) e assistência adequada na sala de parto. Destacam-se também a presença do acompanhante; a promoção do contato mãe-bebê imediato após o parto para o bebê saudável, evi­tando-se intervenções desnecessárias de rotina e que interferem nessa interação nas primeiras horas de vida; estimular o contato pele a pele e o aleitamento materno na primeira hora de vida.

No Brasil, nascem cerca de três milhões de crianças ao ano, das quais 98% em hospitais. Sabe-se que a maioria delas nasce com boa vitalidade; entretanto, manobras de reanima­ção podem ser necessárias de maneira inesperada. São essenciais o conhecimento e a ha­bilidade em reanimação neonatal para todos os profissionais que atendem RN em sala de parto, mesmo quando se esperam crianças hígidas sem hipóxia ou asfixia ao nascer.  O risco de haver necessidade de procedimentos de reanimação é maior quanto menor a idade gestacional e/ou o peso ao nascer. O parto cesário, realizado entre 37 e 39 semanas de gestação, mesmo não havendo fatores de risco antenatais para asfixia, também eleva o risco de necessidade de ventilação do RN.

No intuito de elucidar os parâmetros atuais, foram pontuadas observações sobre a assistência recomendada para a atenção ao recém-nascido a termo e boa vitalidade, baseadas em evidências científicas e publicado por instituições soberanas de atenção à saúde (Organização Mundial de Saúde, Organização Panamericana de Saúde e Ministério da Saúde). Seguem abaixo os tópicos abordados:

AVALIAÇÃO DA VITALIDADE AO NASCER

Imediatamente após o nascimento, a necessidade de reanimação depende da avaliação rápida de quatro situações referentes à vitalidade do concepto, sendo feitas as seguintes perguntas:
Figura 2 – Avaliação da vitalidade ao nascer. Fonte: Ministério da Saúde, 2011
A avaliação da coloração da pele e das mucosas do RN não é mais utilizada para decidir procedimentos na sala de parto. Estudos têm mostrado que a avaliação da cor das extremi­dades, do tronco e das mucosas é subjetiva e não tem relação com a saturação de oxigênio ao nascimento.12 Além disso, RN com esforço respiratório e FC adequados podem demorar alguns minutos para ficarem rosados. Nos RN que não precisam de procedimentos de re­animação ao nascer, a saturação de oxigênio com um minuto de vida situa-se ao redor de 60-65%, só atingindo valores de 87%-92% no 5º minuto de vida.13
O RN a termo com boa vitalidade deve ser secado e posicionado sobre o abdome da mãe ou ao nível da placenta por, no mínimo, um minuto, até o cordão umbilical parar de pulsar (aproximadamente 3 minutos após o nascimento), para só então realizar-se o clampeamento.

AMBIENTE DO NASCIMENTO

O ambiente adequado é feito em meio a pouca luz, silêncio, massagem nas costas do bebê, que não é dependurado pelos pés e nem recebe a famosa palmada “para abrir os pulmões”. O contato pele a pele imediata­mente após o nascimento, em temperatura ambiente de 26ºC, reduz o risco de hipotermia em RN a termo que nascem com respiração espontânea e que não necessitam de ventila­ção, desde que cobertos com campos pré-aquecidos. Nesse momento, pode-se iniciar a amamentação. Após o clampeamento do cordão, o RN poderá ser mantido sobre o abdome e/ou tórax materno, usando o corpo da mãe como fonte de calor, garantindo-se que o posicionamen­to da criança permita movimentos respiratórios efetivos.
É garantido por lei o direito a acompanhante da gestante e puérpera durante o trabalho de parto e parto (Lei Federal 11.108) e para o bebê, com garantia de Alojamento Conjunto, inclusive se for necessária a internação do bebê.
Figura 1 – Benefícios da presença do acompanhante escolhido pela mulher.

ASPIRAÇÃO ROTINEIRA

  A maioria dos textos obstétricos descreve a limpeza da boca e nariz do recém-nascido com uma seringa de bulbo. Estudos realizados em bebês sadios nascidos a termo concluem que não há benefícios advindos da aspiração de rotina após o nascimento e apoiam o abandono da aspiração como procedimento de rotina.

Também se caracteriza como procedimento de rotina a aspiração gástrica no momento do nascimento, em que uma sonda de aproximadamente 8 mm é introduzida pela boca até o estômago do RN e o conteúdo estomacal é aspirado. Existem poucos estudos conclusivos a este respeito, mas Widstrom estudou o efeito da aspiração gástrica na circulação dos recém-nascidos e no comportamento alimentar posterior. Foram estudados bebês saudáveis nascidos a termo, e concluiu que a aspiração gástrica é prejudicial, provocando alterações na frequência cardíaca e na pressão arterial do recém-nascido sem benefícios relacionados, indicando que não deveria ser usada no atendimento de rotina do neonato.

Na presença de líquido amniótico meconial, fluido ou espesso, o obstetra não deve realizar a aspiração das vias aéreas, pois esse procedimento não diminui a incidência de síndrome de aspiração de mecônio, a necessidade de ventilação mecânica nos RN que desenvolvem pneumonia aspirativa, nem o tempo de oxigenoterapia ou de hospitalização. Para este tipo de assistência, são recomendadas uma sequência de intervenções e avaliações, conforme descrito na publicação "Atenção à saúde do recém-nascido: guia para os profissionais de saúde" do Ministério da Saúde, 2011

CESÁREA AGENDADA

Vem sendo registrado aumento da incidência da prematuridade e do baixo peso ao nascer em capitais e cidades de maior por­te no País, como o Rio de Janeiro (12%) e Pelotas (16%), o que tem sido fonte de grande pre­ocupação. Os estudos apontam que este aumento está relacionado às taxas crescentes de cesarianas programadas com interrupção indevida da gravidez, sem justificativa médica, tendo como consequência a prematuridade iatrogênica e aumento do risco de morte in­fantil e perinatal, mesmo entre os RN prematuros tardios com peso adequado ao nascer.

CLAMPEAMENTO DO CORDÃO

 

Atualmente, não existem orientações formais sobre o tempo para o clampeamento do cordão umbilical. Pinçar o cordão imediatamente após o nascimento resulta numa redução de 20% no volume de sangue para o neonato e uma redução de mais de 50% no volume de glóbulos vermelhos. A literatura recente refuta a ideia de que o clampeamento tardio do cordão cause policitemia sintomática e indica que o clampeamento imediato pode levar à anemia na infância. Vários estudos clínicos randomizados indicaram que mais bebês que experienciaram o clampeamento imediato tiveram anemia na infância, comparados aos bebês que tiveram um clampeamento tardio.

Uma revisão integrada recente da literatura sobre o gerenciamento do cordão nucal encontrou relatos mostrando um aumento nos riscos para o recém-nascido quando o cordão foi clampeado antes da saída dos ombros.

CONTATO PELE-A-PELE

 

“Para a assistência ao recém-nascido normal, que constitui a maioria das
situações, nada mais deve ser feito além de se enxugar, aquecer, avaliar e entregar à mãe para um contato íntimo e precoce.”
 Ministério da Saúde, 2001
Manter o bebê aquecido ao nascimento é parte essencial do manejo imediato do recém- nascido. Recém-nascidos correm o risco de perda de calor ao nascimento por causa de sua grande superfície em relação à sua massa, pouco tecido subcutâneo, e permeabilidade de sua pele à água. O contato pele-a pele pode ocorrer imediatamente após - nascimento e durante a primeira hora de vida. Quando um recém-nascido é colocado pele a pele, a mulher provê calor diretamente ao seu recém-nascido, através da condução. Em geral, o recém-nascido é completamente seco e um cobertor é colocado sobre o bebê e a mãe para prevenir a perda de calor por meio da convecção e evaporação.

Além da manutenção de temperatura, os bebês que tiveram um cuidado pele a pele na primeira hora de vida dormiram por mais horas, passaram mais tempo em estado de quietude, e estavam mais bem organizados às 4 horas de vida.

Os benefícios do contato pele a pele imediato e ao aleitamento durante a primeira hora de vida incluem maior duração da amamentação, mais sentimentos maternos positivos em relação à criação de seu bebê e maiores escores de afetividade materna e vínculo materno.

O contato pele a pele deveria ser considerado uma intervenção primária para prevenir hipotermia neonatal. As maternidades que separam mães e bebês com a intenção de prevenir estresse pelo frio inconscientemente aumentam o risco desse tipo de ocorrência, e ao mesmo tempo privam o par da intimidade e vínculo ao retardar o início da amamentação.

MEDICAMENTOS

ANALGESIA DE PARTO

 Existem relatos de que bebês de mães que receberam analgesia de parto, inclusive peridural, têm mais dificuldade para iniciar a amamentação. Um estudo encontrou que mais mulheres que receberam analgesia peridural no parto descreveram que não tinham leite suficiente, quando comparadas a mulheres que não receberam analgesia peridural nas primeiras 12 semanas pós-parto. No entanto, sugere que o vínculo precoce entre mãe e bebê pode ter mais efeito sobre a amamentação do que o tipo de agente analgésico usado durante o parto.

Não foram encontradas diferenças na admissão em UTIs neonatais entre bebês expostos à peridural versus outro tipo de analgesia, ou a nenhuma analgesia no parto , ou ainda em uma comparação entre a peridural e a combinação de uma analgesia peridural- vertebral. A exposição à analgesia materna não parece aumentar o risco de um bebê para admissão a uma UTI neonatal. Porém, os recém-nascidos que não foram expostos a qualquer tipo de agentes analgésicos do parto parecem exibir importantes comportamentos pré-amamentação, necessários ao sucesso do aleitamento, mais precocemente que os recém-nascidos expostos à analgesia, mas os efeitos dos analgésicos sobre o aleitamento e duração da amamentação são obscuros. O impacto em longo prazo da analgesia materna sobre o comportamento neural é incerto.

NITRATO DE PRATA (MÉTODO DE CREDÉ)

Em 1881, para prevenção de oftalmia (conjuntivite) gonocócica (causada pelo gonococo ou Neisseria gonorrhoeae, bactéria que pode ser transmitida da mãe para o bebê no canal do parto, caso ela esteja infectada), iniciou-se o uso do nitrato de prata a 1%. O nitrato de prata causa uma conjuntivite química, levando a uma resposta inflamatória com efeito antibiótico secundário. Ele é instilado no saco conjuntival inferior, e o excesso da medicação é removido com gaze. Não se deve lavar os olhos do bebê logo em seguida. Pode-se retardar o uso da medicação por até uma hora, para evitar a rotura do contato visual precoce entre mãe e filho na sala de parto, já que o nitrato de prata pode diminuir a abertura ocular e inibir a resposta visual.

VITAMINA K

A deficiência neonatal de Vitamina K existe em pelo menos 0,5% de todos os RN. Essa frequência é maior no RN pré-termo e nos pequenos para a idade gestacional com risco de sangramento gastrointestinal ou outro tipo de hemorragia. A administração oral de 2Mg de vitamina K com repetição da dose em esquemas variados têm sido demonstrado ser quase tão eficaz quanto a injeção de 1Mg via intramuscular.

Referências

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. Atenção à saúde do recém-nascido: guia para os profissionais de saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2011.

Brasil. Ministério da Saúde. CPI da Mortalidade Materna – Brasília : Ministério da Saúde, 2001

WHO, 1996. Care in normal birth. A practical guide.

Judith S. Mercer, Debra A. Erickson-Owens, Barbara Graves, Mary Mumford Haley.  Práticas baseadas em evidências para a transição de feto a recém-nascido. Rev Tempus Actas Saúde Col // 173

Rattner, D e Trench, B. Humanizando Nascimentos e Partos. São Paulo: Ed. Senac, 2005

Hodnett, E D . Pain and women’s satisfaction with the experience of childbirth: a systematic review. Am J Obstet Gynecol. 2002; 186: S160-S172

Diniz, CSG. O que nós profissionais da saúde podemos fazer para promover os direito humanos das mulheres na gravidez e no parto? Departamento de medicina preventiva. FMUSP, 2003.

Diniz, CSG. Entre a técnica e os direitos humanos: possibilidades e limites da humanização da assistência ao parto. Tese Doutorado FMUSP, 2001

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Má digestão na gravidez - o que fazer?

Escrito para o BabyCenter Brasil

Ponto principal: a má digestão é normal e comum na gravidez. Chás digestivos podem ajudar.

Por que toda vez que como fico estufada e desconfortável?

Os altos níveis dos hormônios estrogênio e progesterona que seu corpo produz no começo da gravidez relaxam os chamados músculos lisos, o que inclui os do sistema gastrointestinal.

Esse relaxamento desacelera os processos da digestão, o que pode causar inchaço na barriga, má digestão e desconforto depois de comer, especialmente se foi uma refeição e tanto. Você também pode sentir azia pela primeira vez na vida.

A má digestão pode ser prejudicial ao bebê?

Não. A má digestão é uma coisa bem chata para você, mas é inofensiva para ele.

O que posso fazer para melhorar?

Prepara-se, já que com um pouco de má digestão você vai ter de conviver na gravidez, mas pode tentar algumas medidas para reduzir a intensidade e a frequência dos sintomas:

• Use roupas confortáveis e larguinhas; evite qualquer aperto na região da cintura e da barriga. Vale a pena investir numa calça de grávida mesmo antes de ter um barrigão.

• Não faça grandes refeições. Alimente-se várias vezes durante o dia, em porções menores. Não coma correndo, e mastigue bem.

• Evite comidas que não se dêem bem com seu sistema digestivo. Os suspeitos mais comuns são refrigerantes, bebidas alcoólicas (que é melhor evitar de qualquer jeito), frios e alimentos fritos, apimentados, gordurosos ou com tempero muito forte.

• Não fume (esse também é um hábito que se deve evitar durante a gravidez). Use estratégias para tentar abandonar ou diminuir o fumo.

• Depois de comer, mantenha-se com o tronco ereto por pelo menos uma hora (não se deite).

• Durma semi-sentada, com a ajuda de travesseiros.

• Experimente tomar chá de hortelã, de erva-doce ou de erva-cidreira depois das refeições.

sábado, 1 de outubro de 2011

Placenta Acreta... o que é??

Acrestismo placentário é quado a placenta se fixa profundamente na parede uterina, ultrapassando o limite normal de fixação. Ela pode ser classificada em acreta (quando está inserida profundamente na decídua - camada interna do útero), increta (quando chega a musculatura uterina) ou percreta (quando ultrapassa a musculatura uterina podendo invadir até órgãos adjacentes, como a bexiga).

A decídua (camada mais interna do útero gravídico) é constituída por duas camadas: uma camada mais externa, chamada de esponjosa e outra mais interna, chamada de compacta. Tal conformação tem especial importância no momento após o parto em que ocorre o despendimento da placenta (chamado de dequitação). Por ser constituída por tecido frouxo (semelhante a um rendilhado), a camada esponjosa facilita a separação natural da placenta logo após ao parto.
O acretismo placentário é uma patologia não fuito frequente, afetando cerca de 1 a cada 2.500 partos. A placenta acreta é muito raramente reconhecida antes do nascimento, sendo muito difícil de ser diagnosticada. Enquanto ela pode causar algum sangramento vaginal durante o terceiro trimestre, ela é mais comumente associada com os fatores que desencadeiam a condição.
Após o parto, a placenta geralmente se despreende da parede uterina de forma relativamente fácil. Nos casos de acretismo não existe plano de clivagem entre a placenta e a parede uterina o que dificulta e às vezes até torna impossível o desprendimento da placenta, podendo causar grave hemorrgia no período após o parto.
O tratamento do acretismo placentário vai depender da situação encontrada. Na maioria dos casos o descolamento é mais difícil, entretanto é possível resolver o problema com uma curetagem uterina. Nos casos mais graves poderá ser necessária a realização de cirurgia de histerectomia, com retirada do útero. Nos casos de placenta percreta poderá ser necessário intervenção cirúrgica nos órgãos comprometidos, como bexiga e intestino. Alternativamente poderá ser realizado o parto deixando-se a placenta aderida ao útero. Nestes casos usa-se uma medicação chamada de metotrexate, que deve reduzir progressivamente o tamanho da placenta.
O principal fator de risco é a placenta prévia. Cerca de 10% das placentas prévias possuem algum grau de acretismo. Outros fatores de risco incluem a presença de cicatriz uterina prévia (cesárea) e curetagem uterina prévia.
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Tipos de acretismo placentário. Fonte: http://portalcodgdh.min-saude.pt/index.php/Ficheiro:Acreta.PNG

Diagnóstico

A placenta acreta é muito raramente reconhecida antes do nascimentos, sendo muito difícil de ser diagnosticada. Enquanto ela pode causar algum sangramento vaginal durante o terceiro trimestre, ela é mais comumente associada com os fatores que desencadeiam a condição. Em alguns casos pode-se observar níveis séricos aumentados de alfa-fetoproteína, embora isso possa ser um indicador de muitas outras doenças.

Quais são os riscos para o bebê?

A maior preocupação com relação ao bebê é geralmente relacionado com a prematuridade. A placenta prévia comumente se localiza no segmento uterino e pode provocar sangramentos e determinar a necessidade de um parto antes da data prevista.

Quais são os riscos para a mãe?

Usualmente é mais difícil de separar a placenta do útero. O médico pode se defrontar com um sangramento abundante durante o período em que a placenta é removida. Este sangramento poderá colocar em risco a vida da mãe e eventualmente será necessária uma histerectomia (retirada do útero) para controlar o sangramento. Entretanto é importante observar que existem diversos graus diferentes de acretismo, e muitas vezes o procedimento de retirada da placenta pode ser simples.
Não existe tratamento específico para a placenta acreta. Seu médico poderá recomendar repouso durante a gestação para evistar sangramentos.

Fonte: Fetalmed