quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Slingar e amar

                                                       Paul McCartney e sua filha Mary

Desde quando Maria Antonia nasceu tive vontade de carrega la sempre pertinho de mim. Ganhei um sling de argolas e passei a usa lo. Foi uma coisa instintiva.   (Aprendi a seguir meu instinto, deixa lo aflorar com ajuda da ocitocina que inundava o ambiente naturalmente durante meu pré natal por conselho do meu obstetra). Quando o de argolas já estava pequeno e calorento para o clima da minha cidade, comprei um Wrap Sling dry fit pela internet.
Trata se de uma faixa de tecido com mais ou menos 75 cm de altura por 5 m de comprimento. Na verdade penei um pouco no começo para acertar as voltas e principalmente para colocar uma bebe com excesso de gostosura confortavelmente sem que amassasse demais suas coxas e dobrinhas. Dentro de uma semana já estávamos familiarizadas e aí foi só alegria. Que sensação maravilhosa ter seu bebe ali pertinho do coração confortavelmente, sem sobrecarregar a coluna e ainda ter as duas mãos livres!!! Percebi que Maria ficava mais calma no sling pois o balanço, o calor e o som da minha voz faziam as vezes do útero. Ali ela se sentia acolhida, segura e ficava mais calma, as vezes adormecia.

 Íamos a feira, a padaria, ao mercado tudo com o sling. Slingavamos o tempo todo.  Recebíamos vários olhares curiosos, alguns sorrisos e algumas perguntas.  Em casa usávamos para tudo, só não cozinhava e slingava por motivos óbvios, mas confesso que um xixi na hora do aperto já rolou..rs.. 


Há tempos o aposentamos pois ela já prefere ficar no chão e explorar o ambiente. Mas não existe limite de peso e idade para slingar. Pouquíssimas vezes vi mães slingando por aqui, infelizmente. Mas recentemente na reunião de pais da creche da Maria a psicopedagoga mencionou os benefícios do contato físico e afeto entre mae e filho que o sling proporciona. Em países africanos os carregadores de bebes são muito usados. Segundo a fonte informada, bebes ugandeses dao o primeiro passo aos 10 meses de vida.  Pesquisadores descobriram que o sling foi fator importante para o desenvolvimento dessas crianças. Aqui em casa no dia que Maria completou 10 meses deu o primeiro passo! Não dá para afirmar que foi por causa do sling mas que ele ajudou não tenho dúvidas.


Os bebes que são carregados em sling choram menos ¹, são mais saudáveis (melhor habilidade motora, coordenação, equilíbrio e ganham peso mais rápido) ², se sentem mais seguros e tem acesso a comida, calor e amor ³, dormem melhor ³, aprendem mais³ e se sentem mais amados4 .

Listei aqui alguns tipos de sling.

Sling de argola

Wrap Sling


 Recentemente descobri um novo carregador e achei o máximo. Parece com o wrap sling mas já vem pronto, sem precisar dar mil voltas, pratico e fácil. Da marca Baby K’tan.

Alguns cuidados devem ser tomados ao utilizarmos o sling. Para que mae, pai e bebe fiquem confortáveis e seguros. Se o sling for dessa argola essa não deve ser de plastico ou bijouteria e sim de nylon. Por isso nem sempre preco baixo significa qualidade, cuidado. As faixas de tecido devem estar bem distribuídas para evitar a compressão e desconforto na região dos ombros.

O quadril deve estar flexionado fazendo um ângulo menor que 90 graus, assim os joelhos ficam um pouco mais altos que o bumbum. Dessa forma a cabeça do fêmur fica perfeitamente encaixada a articulação do quadril. Essa é a posição fisiologicamente correta e que previne futuros problemas na articulação do quadril. Aí está a grande vantagem do sling comparado ao canguru. Nele notamos que as perninhas do bebê ficam penduradas e não dobradas como ‘sapinho’ (essa postura ajuda no desenvolvimento correto das articulações dos quadris). No canguru o peso do bebê fica apoiado na região genital ao invés do bumbum, e sua coluna assume uma postura não fisiológica prejudicando o desenvolvimento correto das estruturas.
Particularmente não gosto da posição de frente porque o posicionamento não fica muito correto e existe o risco da criança ficar com as perninhas soltas e esbarrar em objetos. 


 Recentemente muita gente tem usado um carregador estilo Canguru que se diz ergonomico. Na minha opiniao ele nao é ergonomico e nao respeita os angulos articulares seguros a fim de evitar luxacoes.  Uma mae, certa vez me disse que mesmo no colo, no braco o bebe nao fica na posicao articular adequada. Mas vamos fazer um raciocinio. Quando estamos carregando so no braco nao ficamos sequer uma hora na mesma posicao exatamente. É natural do nosso corpo mudarmos de posicao sem percebermos, diferente de quando usamos o sling. Podemos ficar mais tempo com o bebe ali na mesma posicao, sem que ele se movimente por isso a posicao correta é tao importante.
Pra nao causar estress em estruturas nao preparadas e posturas nao fisiologicas.

Esse vídeo aqui é muito bom, bem explicativo, ângulos corretos e o bebe é grande, mostrando que nem por isso é difícil usar sling. Uma boa dica é fazer a amarração na frente do espelho até pegar o jeito.
https://www.youtube.com/watch?v=V_b4a3o6mvc

A escolha do sling é muito particular. Por aqui o que mais deu certo foi o wrap sling. Sem duvidas é um ótimo presente ou investimento.
Se na sua cidade você não encontra para comprar ou se o orçamento anda curto dá pra fazer em casa mesmo. Compre cinco metros de malha de algodao sem muito elastano para não esticar demais e corte em três partes iguais no comprimento (pois ela tem 180 cm de altura, nesse caso dariam três slings de 60 cm ) não precisa passar costura, é só slingar e amar.
Referencias:
1.         Hunziker,U. A. and Barr, R, G. (1986).
“Increased carrying reduces infant crying: a randomized controlled trial”.
Pediatrics, 77, 641-8.
2.        “Current knowledge about skin-to-skin (kangaroo) care for pre-term
infants”. J Perinatol. 1991 Sep11: The Importance of Skin to Skin Contact.
3.      Whiting, J. W. M. (1981). Environmental constraints on infant care practices.
In R. H. Munroe,
R. L. Munroe & B. B. Whiting (Eds.), Handbook of cross-cultural human
development, New York: Garland STPM Press.
4.       Powell, A.”Harvard Researchers Say Children Need Touching and Attention”,
Harvard Gazette

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